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Janaina Mansilha

Jornada ESG nas Organizações



O tema sustentabilidade vem ganhando força nos últimos anos. Isso aciona uma alavanca de consciência aos países que mostram sua preocupação por discussões sobre preservação do ambiente, melhorias de condições de vida e produção no futuro. Surge a sigla ESG – Environmental, Social and Corporate Governance. Para falar a respeito do assunto, o Living Lab, do Sebrae/MS, realizou no mês de outubro a masterclass de inovação “Jornada ESG nas Organizações”, como parte das ações do seu programa de inovação aberta Infront, para médias e grandes empresas.


Quatro especialistas apresentaram suas perspectivas, conceitos e práticas para implantar os conceitos meio ambiente, social e governança em organizações públicas e privadas: Daniel Maeda, head em estratégia para sustentabilidade na Agência Beon; Paulo Renato Oliveira, fundador da Action Labs, de Curitiba, especializada em inovação para modelos de negócios sustentáveis. O fundador do Banco Sustentável, Marcel Guariglia, mediou as discussões.


Danilo Maeda, jornalista e consultor de sustentabilidade há 10 anos, iniciou as apresentações falando sobre a urgência das empresas em ajustar seus modelos de negócios às novas necessidades sociais e ambientais. “Analisando o grau de adoção das boas práticas no mundo corporativo, a maioria não tem estratégia de sustentabilidade. Fazer ESG na prática é um entrave porque ainda há a percepção de que é difícil e as empresas não sabem por onde começar”, diz.


Para entender essa agenda complexa, o consultor propõe quebrá-la em partes menores. O empresário Marcel pondera que, ao mesmo tempo que o ESG surgiu pra simplificar os ODS – Objetivos do Desenvolvimento Sustentável é preciso ter claro quais são os que tem relação direta com o modelo de negócio de cada organização.


Vale a pena investir em ESG


Maeda alerta que os investidores já perceberam a correlação das boas práticas ambientais e dos riscos menores ao negócio. “Investidor gosta de risco baixo e os principais riscos globais estão ligados à agenda ESG”, expõe. Outros fatores favoráveis são também atrair e reter talentos, incentivo à inovação, aumentar o valor da marca. “Os funcionários e consumidores querem ver seus valores pessoais nos valores das marcas”.


Os dados confirmam isso. Pesquisa da PWc aponta que 50% das pessoas compram com olhar ambiental, unem suas escolhas a atos de cidadania. Entretanto, aspectos sociais ainda são relevantes, pois 67% consideram o preço na hora da compra. Segundo a RepTrak, a maioria dos consumidores globais prefere comparar de empresas que defendem um propósito que reflita seus valores e crenças. E mais de 80% esperam que as empresas cuidem do que está sob seu controle e informem sobre seus processos produtivos (Akatu, 2020).


“O desafio da inovação é tornar o produto sustentável cada vez mais acessível para todas as realidades sociais”, reforça Guariglia. “Isso se reflete na reputação, melhor percepção de marca”, diz Maeda.


Por onde começar


Há muita ferramenta disponível no mercado. Danilo Maeda cita alguns relatórios como GRI, Dow Jones, e outros. “Tem que entender o que faz sentido para cada negócio. Comprar energia renovável, plantar arvore, criar um produto renovável?”, exemplifica. “Se eu tenho um prego é melhor usar um martelo e não outra ferramenta”, completa.


Para ele, o ciclo da sustentabilidade é uma jornada de longo prazo formada por etapas pelas quais as empresas passam a se tornar sustentáveis, sob o prisma interno e externo:


Eixo Interno:


Pensamento sistêmico – ter visão de longo prazo e de externalidades na gestão da empresa, para entregar o produto, serviço, valor, avaliar quais efeitos minha empresa produz, positivos ou negativos. “Positiva: quando melhoro o capital humano para meu negócio, também o ajudo num próximo emprego. Negativa: uma gestão de pessoas malfeita vai produzir efeitos ruins na mentalidade da minha força de trabalho”, cita. Quanto à visão de longo prazo, se pensar só no próximo trimestre: “não vale a pena trocar um prejuízo futuro para captar valor no curto prazo”, pondera.


Avaliação de Materialidade – se já estou ciente do longo prazo, preciso agora mapear quais os impactos mais importantes para meu negócio. “Não dá pra eleger todos os ODS. Identifique os que mais tem relação com o impacto que sua empresa produz e o que pode impactar seu negócio. Maeda aponta que ouvir os stakeholders é fundamental para saber o que preocupa quem está do outro lado. “Numa região litorânea, o aumento do nível do mar, preciso ter ação para me proteger disso e proteger o meu redor quanto aos impactos que produzo neste ambiente”, assegura.


Foco e eficiência: o próximo passo é pensar em como medir o desempenho da empresa nesse assunto. Ter Indicadores, metas, planos de ação para tornar a organização mais sustentável.


Implementar: fazer então a melhoria de gestão e de processo com visão estratégica, sem dispersão de esforço e recurso há hora de implementar.


Quanto ao eixo externo, Maeda destaca: o Engajamento com os stakeholders por meio de programas de relacionamento; a Comunicação da marca em campanhas de impacto social; Influência e liderança em programas de engajamento setorial e o Compromisso de longo prazo por meio de políticas e práticas de governança.


Novos produtos e serviços


Paulo Renato diz que recebe diariamente na Action Labs solicitação das empresas para a criação de produtos e serviços digitais. “A grande demanda das empresas é de ter engavetadas 500 ideias geradas em processos de ideação, colaboração ou demandas de mercado, mas não conseguir trazê-las à luz, identificar as que tem valor, que resolvem um problema real das pessoas”, expõe.


Para ele, os problemas atuais não são resolvidos pelos processos e sistemas que se tem hoje, não há soluções para as novas demandas de interação com o meio ambiente e para a geração de qualidade de vida para as pessoas. “As comunidades atingidas nos entornos das empresas precisam ser trabalhadas de forma diferente e as comunidades internas também. O burnout é causa das relações que existem hoje”, poderá Paulo.


A inovação é a chave para a adoção de processos ESG porque a maior necessidade atual é encontrar soluções novas. “As atuais não estão dando conta. O capitalismo da forma como veio até aqui chegou ao seu limite”, reforça.


Ele lembra que “qualidade” era um setor das empresas, depois percebeu-se que tinha que estar em todos os processos e cultura interna. “Na inovação estamos numa fase parecida, alguém externo traz, mas não se entende que é uma questão de cultura. Sebrae fala aqui sobre cultura de inovação. Ambientes e processos inovadores surgem em culturas inovadoras e não em empresas que tem apenas um braço de inovação”, diz.




A inovação é centrada no humano para resolver seus problemas ou melhorar suas interações. Não se trata de tecnologia, mas de imergir e entender o ser humano que vai utilizar determinada solução. Paulo detalha o ciclo de criação de produtos a Action Labs, desde a imersão para entender as necessidades, passando pela priorização de soluções, prototipagem e testes ates de inserir no mercado.


Ele reforça que inovação em produto é consequência da cultura de inovação da empresa. E cita entre os exemplos o a Netflix que tem na área Ambiental inovação de distribuição de conteúdo mais rápida, sem carbono. “Antes entregava DVD em casa, era delivery, evoluíram usando energias renováveis e sem desperdício de material”, diz.


Já na área Social, a Netflix descentralizou dando espaço a produções locais de centenas de países e em Governança a regra deles é liberdade e responsabilidade. “Os colaboradores que determinam quantos dias terão de férias no ano, mas precisa entregar os resultados da sua área. Não é sustentável o modelo de chicote nas costas das pessoas, onde ser quer um resultado criativo”, expõe.


A empresa não tem apenas um produto para se tornar sustentável, mas uma cadeia produtiva inteira. Na Action Labs, por exemplo, os contratos de tecnologia exigem que se detalhe exatamente o que vai ser desenvolvido. “No entanto, no Discovery não se sabe ainda o que vai ser desenvolvido, então é preciso flexibilidade para que se você descobrir ou tiver uma ideia melhor no caminho ela possa ser incorporada no projeto”, explica.


Inovação no setor público





São Caetano do Sul foi eleita a cidade mais sustentável do País, pela CLP. O secretário municipal da Prefeitura de São Caetano do Sul, Jefferson Cirne da Costa, apresentou o case do município, que fica no interior paulista e tem 160 mil habitantes. “Somos um grande laboratório de experimentação, num território pequeno e denso, perto de uma região metropolitana. Temos um cenário perfeito para prototipagem de soluções, na área pública ou privada, para a experimentação e coleta de resultados”, expõe Jeferson.


A cidade recebeu outros reconhecimentos, como, por exemplo, de melhor cidade para controle de orçamento e acesso digital, pela Revista Época, e recebeu recurso das Nações Unidas para montar um centro de inovação dentro da universidade estadual.


“A performance do serviço público reflete em melhores condições econômicas e sociais, isso reflete no nosso Índice de Desenvolvimento Humano que é o melhor do País”, diz o secretário. Entre as iniciativas em sustentabilidade, ele conta que há um mês inauguraram um parque numa região que antes era um celeiro de contaminação. Em três anos, a área foi convertida num parque municipal para lazer da população.


Uma escola pública foi totalmente renovada com foco em sustentabilidade, com estrutura que prioriza a utilização de luz solar e ventilação natural, reduzindo a utilização de energia elétrica; e o playground de madeira sustentável, exemplos práticos para os alunos. Ainda na área da educação, a “wifi 6” é uma rede de conectividade dedicada nas escolas para entrega de projetos educacionais diferenciados, em parceria com a Google Education.



Na área de saúde, Jeffeson destaca a criação do primeiro centro resolutivo público do País, que oferece no mesmo lugar serviços públicos, que vão desde a consulta médica, aos exames complementares e a farmacologia.


“Somos uma das cidades mais monitoradas do País, fibra ótica, câmeras e drones com transmissão para o centro de incidências na área urbana garante rapidez na proteção da população”, afirma Jefferson.


O secretário conta ainda que o atual desafio é sobre mobilidade urbana devido ao crescimento da cidade nos últimos anos. “Fizemos um mapeamento e iniciamos os modais cicloviários, sensorizados e com telemetria. Vamos estimular o usa da malha, com algumas iniciativas como pulseira tag que pode acompanhar o desempenho do ciclista, sugerir cardápios nutricionais”, explica.


Para 2023, está no planejamento da Prefeitura incluir as principais vias do município e criar ramais que ligam os bairros, a sensorização dos semáforos por meio de fibra ótica para controlar o trânsito liberando as vias para viaturas de emergência e urgência. “Isso se traduz em mais saúde para a população. São 200km de fibra ótica cobrindo toda a cidade e por da qual inserimos vários serviços/soluções ao cidadão”, diz.


O secretário afirma que priorizaram a adoção de seis ODS. “Temos indicadores para monitorar as nossas ações de sustentabilidade. O desafio é mantê-los e não é barato”, conclui.






O vídeo na íntegra da masterclass de inovação: Jornada ESG nas Organizações pode ser visto em: https://www.youtube.com/watch?v=8QLUtRxQiUk



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