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Janaina Mansilha

Estratégias de Transformação Digital nas Organizações


Estabelecer capacidades digitais e formar uma cultura digital na empresa; pensar em desenvolvimento tecnológico, de serviços e sistemas, tanto internos quanto para o mercado. Este foi o assunto da quarta edição da masterclass de inovação “Estratégias de Transformação Digital nas Organizações”, realizada pelo Living Lab, do Sebrae/MS, no dia 1 de dezembro, com a participação de Marcio Brito (SEBRAE) e Jefferson Moreira (JERA).


Marcio conta sua experiência no processo de transformação digital no Sebrae. “Começamos a trabalhar o Sebrae Digital em 2017 e elencamos algumas premissas como estratégia e maneira de pensar. A TD é um processo, ainda estamos no início dele; envolve todos os aspectos da empresa, é demorado, abrange clientes, concorrentes, entender os dados como ativos, qual valor e as entregas que faremos”, diz Marcio.


De acordo com ele, o principal desafio do Sebrae digital é colocar o usuário no centro da estratégia, entender suas necessidades e a partir do seu comportamento fazer entregas. “Uma característica do mundo digital é a velocidade. O Zoom levou dez anos para atingir o valuation que a Coca-Cola levou 135 anos”, expõe.


Ele destaca a mudança de pensamento trazida com o digital. “Os pequenos levam vantagens frente aos grandes nesse processo de mudança, conseguem ser mais ágeis. Nesse mind set, os softwares vêm antes dos hardwares; e em vez de propriedade, falamos em rede; saímos do pensamento linear para o exponencial; quanto mais rápido se move mais tempo se vive”.


Nos passos da Transformação Digital, Marcio elenca num primeiro momento a digitalização, depois a decepção pela demora, a disrupção em criar algo diferente, e esta envolve a desmonetização, a desmaterialização e a democratização. “O usuário tem superpoderes, ele sabe buscar e definir o que quer. O digital nos faz concorrer com qualquer outro negócio”.


A transformação digital se ancora no tripé: ter escala, ter qualidade e diminuir o tempo de acesso do usuário. De acordo com Marcio, no Sebrae, a equipe trabalha jornadas completas de usuário, para que tudo o que o cliente faz no presencial no aplicativo faça com tempo menor. “Esse é o desafio das empresas quando traduzem o presencial para o digital”, diz.


O roadmap da organização era encaixar o usuário no topo da cadeia para que ele escolha as interfaces que vai utilizar. “O digital trouxe para nós uma realidade de integração de sistemas e cultura de dados. Levar o Sebrae na palma da mão foi o primeiro grande desafio”, conta.


A proposta do Sebrae no digital é simplificar a forma como o usuário consome produtos, economizar tempo automatizando transações e fazer parte do dia a dia entregando valor e inteligência para a tomada de decisão. São 48 jornadas no app Sebrae, com foco em resolver todas as necessidades do usuário no aplicativo. “90% das soluções do app vem de fora (rede), como um hub guiado por uma inteligência que entrega ao usuário o que ele quer”, explica Marcio.


Para Marcio, tudo se traduz em experiência, conveniência e recorrência. “O usuário só volta a utilizar uma solução quando tem uma entrega bem resolvida, uma necessidade satisfeita. Temos acelerado o processo de transformação digital aproximando o cliente do Sebrae”, afirma. “Para atingir o sucesso nos próximos 50 anos é preciso mudar rápido, porque o passado não garante o sucesso do futuro”, completa.





Desenvolver para a grande empresa


Do outro lado da situação, o empresário Jeferson, da Jera, tem o desafio diário de ajudar as organizações em seus processos de inovação e transformação digital. “Temos mais de 300 cases de sucesso, desde 2010, co-criando e entregando soluções para grandes empresas”, diz. Ele lembra que no início focava-se na construção de um produto, sem ancorar num processo de inovação. “Não se contratava ou demandava uma inovação, mas um seguro software”, conta.


Para ele, “o caminho mais certo para o fracasso é focar apenas no produto”. É preciso considerar o processo de inovação, que vem por um alinhamento de expectativa, algo que vá transformar a organização. “Antes trabalhávamos a inovação fechada, com ideias, brainstorms, pesquisas e algumas dessas ideias eram desenvolvidas e chegavam ao mercado”. Na inovação aberta, pode-se considerar todos esses recursos, de acordo com Jeferson, porém inclui-se parceiros externos, startups, universidades, laboratórios de inovação, e esse agentes ajudam no processo de desenvolvimento.


“Posso até trabalhar com spin off (negócios independentes que abro braço da minha empresa e ele tem o seu fluxo de vida desacoplado da minha organização). Isso ajuda grandes empresas a entenderem que elas têm um transatlântico e pode ter algumas lanchas (spin offs) que atendem bem o mercado e as suas demandas”, explica Jeferson.


Para desenvolver essa lógica, ele aponta alguns princípios chave:


1. Ter cultura forte (incentivo à experimentação e erros). Não condenar os erros, privilegiar o intraempreendedoríssimo, a criatividade, dispor de um ambiente seguro pra inovar;

2. Colocar o usuário no centro da demanda, e outros stakeholders (ecossistema, parceiros, fornecedores, hubs, startups) para construir o novo negócio ou processo de inovação;

3. Trabalhar com equipe multidisciplinar – pessoas com habilidades distintas para participar de squads, times irão cooperar com o modelo de negócios;

4. Reinventar o modelo de negócios. O que ainda não fazemos? Buscar gerar mais valor para os clientes.


“Steve Jobs levou o usuário a uma experiência diferente ao lançar o iPod. Dois anos depois, o produto foi responsável por 50% da receita da Apple, ou seja, a inovação transformou o seu negócio, gerando valor diferente ao mercado consumidor”, exemplifica.


Jeferson destaca o valor do conhecimento gerado dentro das organizações na contribuição do processo de inovação. “Posso começar com um programa de ideias, pois 80% da melhoria está na linha de frente da empresa, de quem faz parte e conhece seus desafios estratégicos. Todos da organização podem e devem ajudar, e incluir clientes, fornecedores, o mercado e parceiros estratégicos para aquilo que pode acelerar o negócio”, recomenda.


Quanto ao relacionamento com startups nesse processo de inovação aberta, Jeferson expõe alguns caminhos, como aprender e apoiar o processo das startups; acelerar negócios que de alguma forma estão conectados com o desafio da organização, adquirir ou investir nessas startups e ter um relacionamento comercial (contratar a startup pra ajudar em algum processo) que pode depois ir para uma aquisição.


Entre os benefícios da colaboração aberta, ele elenca: reduzir o time to market, ter maior chance de validar o produto, reduzir o custo e o risco e trocar experiências. “Existem algumas ferramentas e frameworks, que pode ajudar como o programa Infront (do Living Lab/Sebrae), que utiliza Design Sprint, Lean Inception, Panorama da Inovação (o que nós queremos fazer aqui?), três horizontes da inovação (aprimorar, novos negócios com base no que a empresa já domina, ou processo de experimentação de algo novo), Growth Hacking (encontrar alavancas para que a empresa possa crescer) e outras”.



Inovação no Rock in Rio



Um dos clientes da Jera, o Rock in Rio abriu canais para que as empresas pudessem ajudá-los em seu desafio: inovar no relacionamento com os fãs da marca por meio de novo canal de comunicação. “A proposta era levar uma experiência mágica aos fãs, com app incluindo realidade aumentada sobre o show, o ambiente, o clima, fluxo de pessoas”, diz Jeferson.


A equipe usou a design sprint para entender se o que pretendiam era realmente o que precisava. “Antes de desenvolver percebemos que a maior dor das pessoas que vão ao evento é querer estar com seus amigos e perdê-los ao longo do evento estraga a experiencia”, relata.


Outra dor, de acordo com o empresário, seria perder a programação paralela. “Fizemos teste de usabilidade com 50 fãs para entender se fazia sentido e incluímos a realidade aumentada. A maioria adorou encontrar pessoas (compartilhar a localização), já a realidade aumentada a maioria achou legal, mas não usaria então ficou no backlog para ser feito depois”, detalha.


O vídeo na íntegra da masterclass de inovação: Estratégias de Transformação Digital nas Organizações, com Marcio Brito e Jefferson Moreira pode ser visto em:

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